FÉ E VIDA NA MÍSTICA E ESPIRITUALIDADE DA PJMP

Por Padre Antônio Gomes*

Pensar mística e espiritualidade da PJMP é nos colocarmos numa linha do tempo pensarmos no movimento bíblico de libertação do povo de Deus no Egito, recorda a Aliança de Deus com seu povo, caminhar com os Profetas de ontem e de hoje, encontrar-se com o Nazareno, nos encantarmos com o seu projeto de Reino, caminharmos com a Igreja – Povo de Deus, ao longo da história até estes dias: O Concílio Vaticano II e sua recepção na América Latina, a Teologia da Libertação, a ação pastoral e evangelizadora no Brasil, com seus conflitos e buscas de acerto da caminhada plural, diversas e iluminada pela ação do Espírito Santo que continua nos mobilizando, iluminando e guiando nossos passos.

1. NOSSA HISTÓRIA, NOSSO CHÃO

Somos filhos de trabalhadores, a nossa classe é a classe popular.
Nós temos sonhos e também muitos amores.
Também queremos trabalhar, participar.
É a juventude do Meio Popular!

Nosso hino nos indica, o chão onde nascemos vai determinar nossas opções na construção de um mundo novo: numa sociedade marcada por tantas desigualdades, o olhar que lançamos sob a realidade determina o jeito de caminhar da gente. O chão que a gente pisa determina o olhar que temos da vida.

Morros e periferias do Recife, lugar dos pobres, sonhos e rezas de um povo que tem na fé um modo de encarar as dificuldades e os problemas da vida.

O ano de 1978, tempo de luta contra a ditadura militar que tinha calada muita gente, havia sufocado o projeto popular de um Brasil pensado pelos movimentos sociais do campo e da cidade. Uma voz profética não cala: Hélder Pessoas Câmara, o DOM é o nosso acalanto em tempos cinzentos. No seu entorno se gestará a PJMP, junto com outras grandes intuições – as CEBs com o Movimento Fraterno ENCONTRO DE IRMÃOS, o ITER instituto de Teologia do Recife, a Organização Pastoral da Terra, do Índio, dos Negros, a Comissão de Direitos Humanos. Nascemos dentro de um contexto amplo para ajudar a organização do povo na construção de um mundo justo, fraterno e solidário.

2. A VOZ QUE VEM DA PERIFERIA – LUGAR TEOLÓGICO

Eu acredito que o mundo será melhor
quando o menor que padece acreditar no menor.

Todo ponto de vista é a vista a partir de um ponto. O nosso lugar teológico é a periferia. Desse chão que pisamos vai nos colocar diante de um horizonte: assumirmos quem somos, de onde viemos, com quem lutamos, marca a linguagem que buscamos implementar no nosso discurso.

A teologia da libertação, nascida no continente Latino Americano, a partir da vida, do sofrimento e da luta por superar as chagas que nos fazem 3º mundo, como um olhar a partir dos movimentos de libertação será o eixo que nos colocará numa perspectiva de fidelidade ao movimento de Jesus hoje, aqui e agora.

3. SEMENTE NO NOVO NA LUTA DO POVO

Vinho novo em Odres Novos. (Mc 2, 22)

A Igreja de Cristo em Olinda e Recife, comprometida com a vida e a luta do povo, envolvida nesta luta, adultos em sua maioria, homens e mulheres juntos, um povo de batizados: leigos e leigas, religiosos e religiosas, ministros ordenados; juntos com os jovens da periferia organizaram o Movimento dos Jovens do Meio Popular. Com uma pedra lançado no rio que a partir de um determinado ponto produz vários círculos se espalha pelo Regional Nordeste II e pelo Brasil afora. O papel das lideranças juvenis em coordenação, o planejar essa caminhada, e a presença de equipes de assessoria – homens e mulheres encantados e comprometidos nesse projeto vai fazer a PJMP torna-se referência da organização pastoral dos jovens em nosso país.

Dom Sinésio Bhon, a partir de seu olhar de pastor, vai afirmar: “A PJMP é a experiência da Igreja, do rosto popular jovem. É a reconstrução do rosto de Cristo entre os jovens mais sofridos. A PJMP é solidária na dor, firme na esperança e alegre em suas pequenas, mas progressivas conquistas.”

Ser semente do novo na luta do povo. Eis nossa missão. Á luz das intuições da Conferência Latino Americana de Medelín que fez sua recepção do Concílio Vaticano II para o nosso continente. Ajudarmos na construção da CIVILIZAÇÃO DO AMOR. As intuições que se desenvolverão, não sem embates e conflitos, vão apurar o ouro no fogo, vão dar consistência aos nossos quadros. Fará muitos que estiveram e estão ao longo dos nossos 38 anos de história não perdemos o entusiasmo, mas consolidam os passos que continuamos dando.

4. ARDE O FOGO NO MEIO POPULAR

Nossa força quem nos dá é Jesus Cristo,
ue nos empurra e ilumina o caminho,
pois Ele é o nosso companheiro,
ue pelos pobres sempre tem muito carinho.
É a juventude do Meio Popular!

A mística que anima a caminhada dos jovens do meio popular tem raiz em Jesus de Nazaré. O movimento Jesuano de vida nova, de estar do lado dos sem vez e sem voz é um caminhar permanente e que vai sendo atualizado a medida que nos desafia a viver na luta com paixão e entusiasmo, festejando e celebrando esse caminhar. Uma expressão que ficou marcada é a PJMP é espaço de muita Reza, Muita Luta e Muita Festa.

As orações de nossos congressos são fonte inspiradora para continuamos firmes e perseverantes, esperançosos e lúcidos, sonhadores e realizados de novos céus e nova terra.

A espiritualidade Cristã Libertadora é a fonte de nosso caminhar: o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, as questões indígenas, afro brasileira, a questão da terra para produzir e para morar, a ecologia, a questão de gênero, a afetividade e sexualidade, a participação nos movimentos de luta social no bairro, na escola-universidade, no sindicato, no partido político, na vida e a nossa práxis deve refletir e dar passos para seguirmos com Fundamentos do Caminho, Bandeiras de Luta e Artes da Gente.

Que sejamos ontem, hoje e amanhã VIDAS PELO REINO.

*Pe. Antônio Gomes de Medeiros Filho, SDB, Vigário na Paróquia São João Bosco da Arquidiocese de Olinda e Recife, Presidente da Comissão Arquidiocesana de Pastoral para a Juventude da AOR, Presidente da Comissão de Juventude do Regional Nordeste 2 e Comissão Nacional de Assessores da PJMP

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